segunda-feira, 21 de março de 2016

Tudo sobre depressão pós-parto e baby blues

 

Os primeiros dias após o nascimento do bebê são um misto de sentimentos para as mães, sendo os hormônios os principais responsáveis por essa mudança. Reações como angústia e tristeza são normais no puerpério, mas a família deve ficar atenta para notar quando o comportamento da mulher indica depressão, doença séria que exige acompanhamento.
 
 
Grávida com depressão (Foto: Shutterstock)

 
Dá para imaginar um momento mais feliz para uma mãe do que a chegada de seu tão esperado bebê ao mundo, depois de longos nove meses de gestação? Quando imaginamos a cena, vemos a mulher sorrindo, com seu filho saudável, em meio a roupas coloridas, bichos de pelúcia e aquele cheirinho de bebê. Mas nem sempre é exatamente assim. Algumas mães, mesmo nesse contexto positivo, vivenciam tristeza e melancolia. Na maior parte dos casos, trata-se do chamado baby blues. Um grupo menor - a literatura científica mundial estima uma taxa que varia entre 10 e 15% das novas mães - enfrenta um problema ainda mais grave: a depressão pós-parto.
Como diferenciar um do outro? "Enquanto o baby blues é passageiro, causado apenas pelas alterações hormonais bruscas que a mulher sofre no pós-parto e não precisa de nenhum tratamento, a depressão tem antecedentes - ou seja, não é ocasionada pela gravidez ou pelo nascimento da criança - e precisa de acompanhamento médico, inclusive com tratamento químico", diz Rita Calegari, psicóloga do Hospital São Camilo, em São Paulo.
Por quê? Por quê? Por quê?
Em uma enquete realizada pela CRESCER, 43% das leitoras afirmaram ter vivenciado o baby blues. Um dos fatores que mais complica essa turbulência emocional é que, muitas vezes, a família não entende, o marido não sabe como agir e, às vezes, nem a própria mulher compreende o que está acontecendo com ela. "A mãe vê todo mundo feliz, o bebê em ótimas condições de saúde e tudo está perfeito, mas ela não consegue se sentir bem e começa a achar que está louca", explica a especialista.
 
O primeiro passo, tanto para a mãe quanto para as pessoas que a cercam, é entender que esta reação está longe de ser uma frescura ou fraqueza. É um comportamento involuntário. Da mesma maneira inesperada que vem, o baby blues também se dissipa sozinho, em geral depois de 15 ou 20 dias. Além de esperar e  ter paciência, a mãe precisa contar com o apoio prático da família. "Isso significa ter alguém que pegue o bebê no colo para ela poder dormir um pouco mais, que cuida da criança enquanto ela toma um banho ou se alimenta... Conselhos não ajudam porque o baby blues é uma condição física", afirma Rita. Além disso, a própria mãe tem de tentar ser mais compreensiva consigo mesma e menos severa na autocrítica.
Além da tristeza
Mais raro e mais grave que o baby blues é a depressão pós-parto. Embora muitas mulheres confundam os sintomas, os dois quadros são bem diferentes. A depressão é um problema que costuma acometer mães que já tinham antecedentes: seja manifestação de doença mental, trauma (como assalto, acidentes, perdas ou separações) vivido antes ou durante a gravidez ou até falta de estrutura emocional para lidar com alguma dificuldade na gestação, como o fato de a criança apresentar doença congênita, por exemplo, entre outras razões.
 
"A mãe perde a vontade de viver, manifesta o desejo de se matar, fala ou pensa em agredir a criança ou até a si mesma: são todos indícios de que ela está, de fato, em depressão", explica a psicóloga. Nesse caso, ela precisa de muito mais que apoio e paciência. A mulher deve ser acompanhada por um médico psiquiatra, que provavelmente recomendará um tratamento químico, com remédios.
De acordo com Rita, o obstetra é o profissional mais importante para identificar os primeiros sinais e encaminhar a mãe para o tratamento. Se ela já teve alguma outra doença mental antes, como a própria depressão ou síndrome do pânico, ele deve ficar atento ainda durante a gestação e acompanhar. Ele também poderá avaliar o estado da saúde psíquica da mulher na consulta que acontece após o parto, sempre nas primeiras semanas de vida do bebê.
Bem antes do bebê
Prestar atenção no histórico e no comportamento da mulher antes do parto pode ser mesmo o caminho mais eficaz para a prevenção. Um estudo realizado pela Universidade de Illinois, em Chicago, nos Estados Unidos, observou os casos de mais de 8 mil mulheres com graus diferentes de depressão pós-parto e concluiu que dois terços das mães com sintomas severos começaram a manifestar a doença ainda durante a gestação e não somente depois de dar à luz.
A mesma pesquisa percebeu que as mulheres com uma versão moderada de depressão pós-parto revelaram os sinais após o nascimento dos filhos, mas 60% delas tiveram complicações na gravidez, como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia ou hipertensão. De acordo com os cientistas, a descoberta é um avanço no sentido de facilitar o diagnóstico precocemente e, assim, adequar o tratamento. "Este é definitivamente um primeiro passo na direção certa", diz Leah Rubin, professora-assistente do Programa de Pesquisa da Saúde Mental da Mulher da Universidade de Illinois.
Dá para evitar?
No caso do baby blues, como ele é ocasionado por hormônios, simplesmente não dá para se prevenir. É como a tensão pré-menstrual: algumas mulheres têm vários sintomas e outras não. "O que pode ser feito, antes ou durante a gestação, é buscar informações e conversar sobre o assunto com a família. Assim, caso aconteça, todos já sabem do que se trata e fica mais fácil compreender a questão", alerta Rita.
Já a depressão pós-parto pode - e deve - ser evitada. Se a mãe já sofreu de doenças parecidas ou se passa por uma situação estressante, que possa desencadear o problema, ainda durante a gravidez, ela, o médico obstetra, o parceiro e a família devem ter cuidado redobrado e acompanhar possíveis alterações comportamentais de perto.
 
Dá para imaginar um momento mais feliz para uma mãe do que a chegada de seu tão esperado bebê ao mundo, depois de longos nove meses de gestação? Quando imaginamos a cena, vemos a mulher sorrindo, com seu filho saudável, em meio a roupas coloridas, bichos de pelúcia e aquele cheirinho de bebê. Mas nem sempre é exatamente assim. Algumas mães, mesmo nesse contexto positivo, vivenciam tristeza e melancolia. Na maior parte dos casos, trata-se do chamado baby blues. Um grupo menor - a literatura científica mundial estima uma taxa que varia entre 10 e 15% das novas mães - enfrenta um problema ainda mais grave: a depressão pós-parto.
Como diferenciar um do outro? "Enquanto o baby blues é passageiro, causado apenas pelas alterações hormonais bruscas que a mulher sofre no pós-parto e não precisa de nenhum tratamento, a depressão tem antecedentes - ou seja, não é ocasionada pela gravidez ou pelo nascimento da criança - e precisa de acompanhamento médico, inclusive com tratamento químico", diz Rita Calegari, psicóloga do Hospital São Camilo, em São Paulo.
Por quê? Por quê? Por quê?
Em uma enquete realizada pela CRESCER, 43% das leitoras afirmaram ter vivenciado o baby blues. Um dos fatores que mais complica essa turbulência emocional é que, muitas vezes, a família não entende, o marido não sabe como agir e, às vezes, nem a própria mulher compreende o que está acontecendo com ela. "A mãe vê todo mundo feliz, o bebê em ótimas condições de saúde e tudo está perfeito, mas ela não consegue se sentir bem e começa a achar que está louca", explica a especialista.
 
O primeiro passo, tanto para a mãe quanto para as pessoas que a cercam, é entender que esta reação está longe de ser uma frescura ou fraqueza. É um comportamento involuntário. Da mesma maneira inesperada que vem, o baby blues também se dissipa sozinho, em geral depois de 15 ou 20 dias. Além de esperar e  ter paciência, a mãe precisa contar com o apoio prático da família. "Isso significa ter alguém que pegue o bebê no colo para ela poder dormir um pouco mais, que cuida da criança enquanto ela toma um banho ou se alimenta... Conselhos não ajudam porque o baby blues é uma condição física", afirma Rita. Além disso, a própria mãe tem de tentar ser mais compreensiva consigo mesma e menos severa na autocrítica.
Além da tristeza
Mais raro e mais grave que o baby blues é a depressão pós-parto. Embora muitas mulheres confundam os sintomas, os dois quadros são bem diferentes. A depressão é um problema que costuma acometer mães que já tinham antecedentes: seja manifestação de doença mental, trauma (como assalto, acidentes, perdas ou separações) vivido antes ou durante a gravidez ou até falta de estrutura emocional para lidar com alguma dificuldade na gestação, como o fato de a criança apresentar doença congênita, por exemplo, entre outras razões.
 
"A mãe perde a vontade de viver, manifesta o desejo de se matar, fala ou pensa em agredir a criança ou até a si mesma: são todos indícios de que ela está, de fato, em depressão", explica a psicóloga. Nesse caso, ela precisa de muito mais que apoio e paciência. A mulher deve ser acompanhada por um médico psiquiatra, que provavelmente recomendará um tratamento químico, com remédios.
De acordo com Rita, o obstetra é o profissional mais importante para identificar os primeiros sinais e encaminhar a mãe para o tratamento. Se ela já teve alguma outra doença mental antes, como a própria depressão ou síndrome do pânico, ele deve ficar atento ainda durante a gestação e acompanhar. Ele também poderá avaliar o estado da saúde psíquica da mulher na consulta que acontece após o parto, sempre nas primeiras semanas de vida do bebê.
Bem antes do bebê
Prestar atenção no histórico e no comportamento da mulher antes do parto pode ser mesmo o caminho mais eficaz para a prevenção. Um estudo realizado pela Universidade de Illinois, em Chicago, nos Estados Unidos, observou os casos de mais de 8 mil mulheres com graus diferentes de depressão pós-parto e concluiu que dois terços das mães com sintomas severos começaram a manifestar a doença ainda durante a gestação e não somente depois de dar à luz.
A mesma pesquisa percebeu que as mulheres com uma versão moderada de depressão pós-parto revelaram os sinais após o nascimento dos filhos, mas 60% delas tiveram complicações na gravidez, como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia ou hipertensão. De acordo com os cientistas, a descoberta é um avanço no sentido de facilitar o diagnóstico precocemente e, assim, adequar o tratamento. "Este é definitivamente um primeiro passo na direção certa", diz Leah Rubin, professora-assistente do Programa de Pesquisa da Saúde Mental da Mulher da Universidade de Illinois.
Dá para evitar?
No caso do baby blues, como ele é ocasionado por hormônios, simplesmente não dá para se prevenir. É como a tensão pré-menstrual: algumas mulheres têm vários sintomas e outras não. "O que pode ser feito, antes ou durante a gestação, é buscar informações e conversar sobre o assunto com a família. Assim, caso aconteça, todos já sabem do que se trata e fica mais fácil compreender a questão", alerta Rita.
Já a depressão pós-parto pode - e deve - ser evitada. Se a mãe já sofreu de doenças parecidas ou se passa por uma situação estressante, que possa desencadear o problema, ainda durante a gravidez, ela, o médico obstetra, o parceiro e a família devem ter cuidado redobrado e acompanhar possíveis alterações comportamentais de perto.

 
 
 Depressão pós-parto: dicas que vão ajudá-la a ficar longe dela
 
 
Durante a gravidez e no pós-parto, a mulher fica mais suscetível à depressão: 15% das novas mães sofrem da doença no mundo todo, e duas em cada três mulheres sentem os sinais do problema ainda na gravidez. A boa notícia é que estudos recentes mostram que sua postura frente a determinadas situações ajudaria a evitar o mal. Tentar ficar calma diante daquilo que não saiu exatamente como você planejou, por exemplo, pode manter seu equilíbrio emocional e até combater os efeitos de uma tristeza que insista em ficar. Confira outras dicas para tentar se manter longe da depressão pós-parto:


1. Fuja do perfeccionismo e da ansiedade

Estudos indicam que as gestantes que se idealizam perfeitas como mães têm mais chances de desenvolver depressão do que aquelas que aos poucos vão descobrindo a melhor forma de cuidar e educar os filhos.


2. Converse com o futuro pai

Problemas de relacionamento com o companheiro são uma das principais causas de depressão. Se você sente dificuldade para falar sobre o assunto com ele, tente introduzir a conversa em momentos que são gostosos para vocês dois, como no jantar ou mesmo tomando banho juntos.


3. Pratique exercícios

Durante a atividade física, o cérebro libera endorfina, substância aliada à sensação de bem-estar. Salvo os casos em que o médico proibir, a recomendação é praticar um esporte durante a gravidez e no pós-parto.


4. Fuja de novas cobranças

Todos têm conselhos para a futura mãe e a cobrança pode ser extremamente estressante. Mesmo que sua mãe, a sogra e a cunhada já tenham experiência, você não precisa – nem deve – cumprir tudo o que a família quer. Estabeleça qual vai ser a participação de cada um.


5. Divida as tarefas

Nos primeiros meses de vida, o bebê vai depender muito de você. Para que a carga de trabalho não seja excessiva, o ideal é dividir tarefas antes mesmo de engravidar.


6. Atenção se você já teve

A ocorrência prévia de depressão na gestante ou em alguém da família é um fator de risco. Se você faz parte desse grupo, conte na primeira consulta ao obstetra. Também não estranhe se nos primeiros dias após o parto você se sentir um pouco triste. O sentimento, chamado baby blues, é normal e desaparece naturalmente.


7. Confie no obstetra

Os especialistas afirmam que a boa relação com o obstetra é um dos aspectos mais importantes. Você precisa ter empatia e confiança no profissional para se abrir e falar sobre qualquer sentimento, seja bom ou não. Quando isso acontece, ele pode identificar sinais de depressão e sugerir um acompanhamento específico se necessário.


8. Descanse

A privação do sono, em algumas pessoas, pode desestabilizar as emoções. Tanto pelo estresse físico como pelo mental, a mãe precisa descansar. Quando o bebê nascer, peça para o pai ou um parente tomar conta dele para que você descanse um pouco em alguns momentos, em especial nos primeiros dias.
 
 
 
Homem pode ter depressão durante a gravidez da mulher
 
 
Ter uma nova criança na família traz incontáveis alegrias. Ao mesmo tempo, porém, muitas mudanças acontecem – e é comum ouvir falar sobre o impacto que tudo isso exerce sobre o psicológico das mães. Mas, e os pais?
Eles também merecem atenção nessa nova fase da vida. É justamente isso que um estudo recente alerta: os homens podem ter depressão associada à chegada dos filhos.
A Universidade McGill, no Canadá, realizou uma pesquisa com 622 homens que iriam se tornar pais, com o objetivo de investigar a saúde mental deles. O resultado mostrou que 13% dos homens apresentam níveis elevados de sintomas de depressão durante a gravidez da companheira. Esse número representa 1 em cada 8 pais.
Em entrevista à CRESCER, a médica Deborah da Costa, que conduziu o estudo, reforçou que essa área de pesquisa é fundamental, porque, quando um dos pais da criança (ou ambos) estão deprimidos, os filhos também podem ser impactados emocional e socialmente.
Sintomas
O estudo afirma que existe uma relação clara entre os sintomas depressivos e as poucas horas sono do homem durante e após a gestação da companheira.
A pesquisa afirma ainda a depressão nessa fase da vida também parece estar associada a fatores como: histórico familiar, baixa satisfação conjugal, falta de suporte familiar, dificuldades financeiras e vivência de eventos estressantes.
A boa notícia, segundo os cientistas, é que esse início de depressão pode ser identificado precocemente para que não evolua para quadros mais graves.
Por que o pai?
“Há muitas décadas sabemos, na psicologia, que a gravidez é um dos dez fatores de maior estresse na vida das pessoas. Não é à toa que há tantos estudos sobre depressão pós-parto. Mas, há algum tempo, os pais também têm aparecido nos consultórios. Eles estão começando a notar certos desequilíbrios emocionais, como quadros de ansiedade e algumas tristezas. Quando nasce um filho, nasce uma mãe e um pai”, comenta Armando Ribeiro, psicólogo e coordenador do Programa de Avaliação do Estresse da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Ribeiro afirma que é preciso lembrar que, embora a gravidez aconteça no corpo feminino, o homem também participa do processo criando expectativas e questionando a si mesmo: “Será que serei um bom pai? Será que vou conseguir prover o que a criança precisará?”.  Tudo isso gera uma grande preocupação.

Além disso, é natural que, nessa fase, todas as atenções se voltem para a mulher, de modo que o homem fique em segundo plano. “Se ele já tem uma autoestima baixa, isso pode ser acentuado nesse momento”, ressalta o psicólogo.
Em busca de ajuda
Desânimo muito grande, apatia, pensamento negativo, tristeza duradoura e sem causa aparente, ansiedade, irritabilidade, alterações no apetite e no sono. Tudo isso pode indicar que algo não vai bem. Ao notar que o estado emocional já não é o mesmo de antes, é de extrema importância buscar auxílio profissional – sem preconceitos!

“Os transtornos mentais são quadros reais, como qualquer outra doença. Quanto mais cedo a pessoa procura ajuda, mais cedo o problema é tratado. Mas os homens ainda têm muita resistência a tratar doenças emocionais”, diz Ribeiro.

Por esse motivo, o psicólogo ressalta a importância que a mulher exerce no tratamento do companheiro. Na maioria das vezes, são elas que agendam as consultas para eles, e incentivam a ida ao consultório. “É bom ficar atento. O homem costuma resistir a qualquer busca de ajuda”, afirma Ribeiro.

Afinal, para cuidar bem dos filhos, é preciso cuidar de si mesmo antes.


Depressão paterna (Foto: Thinkstock)
 
 
Depressão pós-parto no homem também afeta os filhos
 
 
Não são só as mães que estão sujeitas a sofrer de depressão pós-parto. De acordo com números divulgados pelo Australian Institute of Family Studies (AIF'S), em março de 2015, 1 a cada 10 homens também desenvolve a doença. E assim como acontece na versão materna, a depressão dos pais também traz consequências para as crianças. Foi o que revelou um estudo recente da Northwestern University, dos Estados Unidos. Quando o homem sofre com os sintomas, seus filhos também podem desenvolver comportamentos preocupantes, como agressividade, ansiedade, tristeza e até desencadear atitudes negativas, como o hábito de mentir. É a primeira vez que se comprova a influência da depressão paterna na formação dos pequenos. O resultado foi publicado no periódico Couple and Family Psychology: Research and Practice.
A pesquisa reuniu aproximadamente 200 casais com filhos de 3 anos de idade. As famílias participaram de uma análise na época do nascimento das crianças. Individualmente, pais e  mães preencheram um formulário com questões sobre a depressão parental, a relação com o parceiro e as características comportamentais dos filhos, como tristeza, ansiedade e nervosismo. Os pais também reportavam aos cientistas quando as crianças praticavam ações como mentir e bater. Sheehan Fisher, psicólogo e autor do estudo, atribui os sintomas que aparecem nos filhos à falta de contato visual e afetivo dos pais no período de depressão.
O que desencadeia a depressão pós-parto nos homens
Para detectar a doença, alguns detalhes devem ser observados no pai. A hereditariedade não é regra, mas se existirem casos anteriores na família, o homem pode ser mais vulnerável. O histórico do casal também conta. A criança veio em um momento oportuno ou foi inesperada? Quanto mais organizada for a chegada do filho, mais preparado emocionalmente estará o pai. Uma gravidez não planejada aumenta a possibilidade de surgirem conflitos que, quando mal resolvidos, podem desencadear um quadro mais sério.
As questões internas do homem devem ser levadas em conta: é preciso saber como foi a vivência dele com o próprio pai, como ele se vê tendo que cuidar do filho, o momento em que a carreira profissional dele se encontra e a relação com a mãe da criança. A possibilidade de ele ter sofrido alguma perda recente, como a do emprego, por exemplo, pode influenciar em seu emocional. Problemas financeiros nesse momento levam a um sentimento de impotência. O pai teme não conseguir oferecer ao filho tudo o que imaginava.
Não o deixe de fora
Quando há antecedentes de baixa autoestima e insegurança, o homem pode se sentir mal por ser colocado como coadjuvante durante a gravidez e após o parto, afinal, nesse momento, toda a atenção fica voltada para a mãe e para a criança. É necessário que a ideia de grupo seja ressaltada. O pai também deve cumprir seu papel e ajudar a mulher. Nesse caso, a aproximação com a gravidez é uma forma de prevenção.
E a futura mãe tem um papel importante para que o homem se sinta perto do bebê quando ele ainda está na barriga. Mostrar quando ele estiver mexendo, convidar para as consultas e exames e pedir ajuda na hora de escolher detalhes do enxoval são pequenas atitudes que fazem diferença. Depois, com a chegada do bebê, esse comportamento da mãe deve continuar. Ela deve permitir que ele cuide do filho, dê banho e execute outras tarefas, que não dependam só dela. Pode não ser da maneira como ela faria, mas é o jeito dele, e respeitar isso é fundamental.
Quanto mais instáveis estiverem todos esses aspectos, mais suscetível o pai estará a desenvolver uma depressão. No entanto, vale ressaltar: doenças emocionais e mentais não têm uma causa única. Elas são multifatoriais.
Os primeiros sintomas visíveis
Os homens costumam ter uma dificuldade maior de falar do seus sentimentos, em comparação com a mulher. De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo, em 2014, 70% deles só buscam apoio profissional sob influência das mulheres ou dos filhos. Às vezes, a família e os amigos acabam diminuindo o problema e isso desestimula a pessoa a assumir que precisa de apoio profissional. Os mais próximos, portanto, podem ajudar a perceber os primeiros sintomas de depressão, que são:

- Irritação, ansiedade, nervosismo, mau humor ou tristeza persistentes
- Desinteresse em atividades que antes eram prazerosas
- Dificuldade para dormir ou excesso de sono

- Falta de apetite ou comer demais
- Perda de libido
 
Pressão não ajuda
Crenças comuns, como a de que o pai deve ser um super-herói e que, portanto, não pode fraquejar, reforçam a pressão e também podem piorar o quadro. Para não descumprir o papel que as pessoas esperam que execute, o homem tenta negar os sintomas, quando, na verdade, ele também está vulnerável por conta das mudanças emocionais. Ainda que tente esconder, em algum momento, a doença aparece e os reflexos negativos acontecem na vida conjugal, na relação com a família ou no trabalho.
Assim como a causa, o tratamento de depressão pós-parto nos pais também varia, de acordo com a gravidade do problema. Há uma avaliação psicológica e, dependendo do resultado, o profissional pode recomendar terapias de apoio, atividades físicas e inclusão de suplementos vitamínicos na dieta. Dependendo do cenário, o psiquiatra prescreve tratamento químico com medicamentos.
Fontes: Rita Calegari, psicóloga do Hospital São Camilo (SP), Dr. Affonso Celso Vieira Marques, ginecologista da Beneficência Portuguesa (SP) e Bianca Balassiano Najm, psicóloga e especislista em amamentação e pós-parto.


Retirado da Revista Crescer