Apesar de
ser um benefício esperado pela maioria dos idosos, a aposentadoria também pode
trazer consequências negativas à saúde. De acordo com pesquisa do Instituto de
Assuntos Econômicos de Londres, o benefício pode aumentar em 40% as chances de
desenvolver depressão.
Esse é um
quadro que se repete na região. De acordo com estudo realizado em 2008 pela
Faculdade de Medicina do ABC, 37,5% dos 80 idosos avaliados, foram
diagnosticados com tendências depressivas.
Os
primeiros sintomas que indicam o início de algum problema são queda na
motivação, sedentarismo, o estresse e a falta de contato com os amigos e
familiares. Na maioria das vezes, a solidão é causada após o termino do
trabalho e a perda de relações com os amigos e colegas.
O diretor
de políticas sociais da Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas
da Região do Grande ABC, Luis Antonio Ferreira Rodrigues, afirma que na maioria
das vezes o valor do benefício influi na qualidade de vida do idoso. “Imagina
aquela pessoa que ficou de 30 a 35 anos trabalhando. Claro, que agora ele quer
viajar e se divertir, mas ele tem só R$ 600 por mês para garantir o seu
sustento e da mulher. O que ele vai ter para o lazer?”, declarou.
Outro
fator decisivo na vida do aposentado, apontado por Rodrigues, é o alto montante
gasto com plano de saúde. “Com o valor da aposentadoria ele não consegue nem
suprir o convênio médico, já que nos planos a inflação do idoso é maior. A
depressão, acaba sendo natural, ele fica sedentário porque deixa de sair.”
A perda
de contato com as pessoas fora do círculo da família é uma das principais
causas para o aparecimento dos sintomas, como explica a professora de Saúde do
Idoso do curso de Enfermagem da FMABC, Ana Paula Guarnieiri. “As pessoas vivem
75% do tempo em função do trabalho e quando elas deixam essa ocupação perdem
vínculos e relações de coleguismo. Ninguém se prepara para a aposentadoria,
então quando ela chega, não tem nenhuma outra atividade programada”, disse.
VIDA
SOCIAL - Os familiares e amigos próximos têm papel decisivo no diagnóstico e no
tratamento desse tipo de doença. Cabe a eles estimular o idoso a participar de
atividades como grupos de dança, artesanato, costura ou atividades esportivas.
Passeios
turísticos e viagens costumam trazer resultados positivos na integração social
com outras pessoas da mesma idade, além da possibilidade de visitar novos
lugares.
Idas ao
cinema e ao teatro, também são boas opções principalmente, por conta da
facilidade da meia-entrada, segundo a professora Ana Paula.
“A
maioria dos idosos não sabe dos seus direitos, como os descontos e a
meia-entrada em ingressos. É importante que isso seja estimulado para que o
aposentado comece a ter um novo tipo de atividade ou hábito, no qual ele pode
fazer outras coisas que antes não eram possíveis.”
A
professora de Educação Física da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do
Sul), Denise de Oliveira Alonso, destaca o voluntariado como um bom aliado
contra a depressão. “O trabalho voluntário é importante porque além da pessoa
sair de casa e encontrar outras da mesma idade, ela continua trabalhando ao
ajudar alguém e isso a faz se sentir útil. Cursos para a terceira idade, grupos
religiosos e bailes são formas de manter contato social”, diz Denise.
EXERCÍCIOS
FÍSICOS - Um bom caminho para quem quer começar uma nova vida e com atividades
que façam bem para saúde é iniciar a prática de atividade física. De acordo com
a professora de Educação Física da USCS, Denise, a caminhada é um dos mais
indicados. “Caminhada é algo leve, porque cada pessoa conhece seu limite, e
dificilmente vai caminhar se estiver cansada”, afirma.
Porém,
antes de começar qualquer exercício é importante uma avaliação do médico. Além
de detectar problemas de saúde, ele vai indicar a frequência e qual a melhor
atividade física. “É muito importante ir ao médico, principalmente homens acima
dos 45 anos e mulheres acima de 55, idades em que o sedentarismo e a obesidade
são fatores de risco cardiovascular”, aconselha a professora.
Fonte:
Diário
do Grande ABC
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